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Está com dificuldade para engolir? Veja 9 prováveis motivos

Um adulto sadio tem cerca de 600 deglutições diárias. O ato é uma resposta natural do organismo e ocorre quando estamos acordados ou dormindo. Porém, uma parcela das pessoas se queixa de dificuldade para engolir.

Em uma situação normal, o alimento que consumimos é transportado da boca para o estômago por meio de uma série de contrações musculares. O processo inicial acontece de forma voluntária e se torna involuntário logo após a ingestão.

Quando há a sensação frequente de que o bolo alimentar está preso na garganta ou em outra região do canal digestivo, é preciso procurar o médico gastroenterologista ou otorrinolaringologista. Muitas vezes, esse pode ser o sintoma de uma grave doença.

Neste artigo, vamos mostrar os sintomas, as causas e as formas de tratamento da dificuldade para engolir. Confira!

O que é disfagia?

A disfagia é como os médicos chamam a dificuldade para engolir. O simples fato de sentir dor quando ingerimos um alimento sólido ou líquido não quer dizer que temos o problema. Tal sintoma pode ser apenas um sinal de inflamação na garganta, por exemplo.

O diagnóstico de disfagia é dado quando existe a sensação de que o alimento consumido pelo paciente não percorreu o caminho entre a boca e o estômago de forma natural. Uma endoscopia digestiva ou outros exames são necessários para investigar a origem do sintoma.

Como é o processo de deglutição?

O processo de deglutição engloba três fases: a oral, a faríngea e a esofagiana. A primeira etapa consiste em mastigar o alimento que consumimos para transformá-lo em bolo alimentar com forma e medida adequadas para ser ingerido.

Na fase faríngea, a deglutição passa a ocorrer de forma involuntária no interior do canal digestivo. Os músculos da faringe contraem para que o alimento seja transportado em direção ao esôfago. Durante o processo, a passagem para a laringe é fechada, o que impede o bolo alimentar de ir para os pulmões.

Por fim, na etapa esofagiana o alimento chega ao esôfago com a abertura do músculo superior (esfíncter). Após a passagem, esse músculo se fecha e o esfíncter inferior abre para possibilitar a condução do bolo alimentar até o estômago.

Quais os sintomas da disfagia?

Os sintomas da dificuldade para engolir dependem da causa do problema. Quando a disfagia é do tipo faríngea, o paciente pode apresentar tosse, voz rouca, engasgo, bloqueio na fala, derramamento do alimento e salivação em excesso.

Por sua vez, a disfagia esofágica pode provocar vômito com sangue, perda de peso, azia, regurgitação e até mesmo anemia. Isso acontece porque há a sensação de que o bolo alimentar ficou parado no esôfago, em vez de seguir em direção ao estômago.

Quais as causas da dificuldade para engolir?

As causas da disfagia podem ser variadas, desde problemas musculares a neurológicos. A seguir, listamos os principais motivos da dificuldade para engolir. Entenda!

1. Obstrução no canal digestivo

A disfagia ocorre quando há um obstáculo físico à passagem do alimento por causa da presença de tumor benigno ou maligno na faringe ou no esôfago. Pequenas lesões esofágicas favorecem o problema.

2. Cânceres no esôfago

O câncer esofágico é uma doença grave. Tumores como adenocarcinoma (que afeta a região entre o esôfago e o estômago) e epidermóide (no revestimento do canal) podem ser tratados de forma eficaz no estágio inicial. Em determinados casos, é aconselhada a esofagectomia, ou seja, cirurgia de retirada do esôfago. Ela só deve ser feita se a enfermidade for diagnosticada precocemente e o médico assim recomendar.

3. Espasmos esofágicos

Em vez de o esôfago realizar contrações normais para possibilitar a passagem dos alimentos, o processo é substituído por contrações musculares que impedem a movimentação do que é ingerido. Esse é um quadro de espasmo esofágico, o qual também provoca disfagia. A causa do problema está associada a alguma deficiência nervosa.

4. Doenças neurológicas

Além de comprometer a mastigação, as doenças neurológicas impossibilitam a movimentação apropriada da língua e dos músculos da faringe. Logo, elas também são a causa da dificuldade para engolir.

Pacientes com doença de Parkinson, esclerose múltipla e AVC (derrame cerebral) ou que apresentam traumatismo craniano e tumores no sistema nervoso central, por exemplo, têm chances de ter disfagia.

5. Doenças musculares esofágicas e em outras regiões

Os músculos do esôfago têm a função de conduzir os alimentos que ingerimos para o estômago. Portanto, qualquer problema no órgão pode prejudicar o processo de deglutição e gerar incômodos.

A acalásia (distúrbio provocado pela falta de relaxamento do esfíncter inferior), a esclerose sistêmica e os transtornos de mobilidade esofágica são exemplos de doenças que provocam dificuldade para engolir.

Além da acalásia, outra causa da disfagia é a dilatação da musculatura final do esôfago, o que no linguajar médico é chamado de megaesôfago. Essa região opera como um esfíncter que abre e fecha, mas quando o músculo deixa de abrir naturalmente, o paciente passa a ter problemas para ingerir os alimentos.

Demais distúrbios musculares associados à dificuldade para ingerir alimentos são a miastenia grave (doença autoimune que afeta as junções neuromusculares, ou seja, as áreas nas quais os neurônios entram em contato com os músculos), a dermatomiosite (doença inflamatória que provoca lesões na pele e dores nos músculos) e a distrofia muscular (doença de origem genética que enfraquece os músculos).

6. Esclerose sistêmica

A esclerose sistêmica é uma doença autoimune, reumática e crônica. Além de afetar a articulação, a pele, os rins, os pulmões e o coração, ela compromete o sistema gastrointestinal. Tal enfermidade causa lesões no esôfago, o que leva à dificuldade para engolir.

7. Uso de medicamentos

Determinados medicamentos, como antiinflamatórios, antibióticos e cloreto de potássio, podem provocar alterações no canal digestivo. Por esse motivo, o uso de tais remédios também são a causa da disfagia.

8. Idade avançada

Quando chegam à terceira idade, as pessoas passam por alterações nos músculos que trabalham para garantir a deglutição. Eles se tornam mais relaxados e, muitas vezes, descoordenados. Por esse motivo, o público idoso tende a ter dificuldade para engolir alimentos.

9. Origem desconhecida

Quando o resultado dos exames não mostra nenhuma alteração, dizemos que a causa da dificuldade para engolir é desconhecida. Entretanto, vale lembrar que esse é um diagnóstico de exclusão, ou seja, só deve ser dado se o médico rechaçar qualquer doença que aponte a origem do sintoma.

Como tratar a dificuldade para engolir?

O tratamento da disfagia varia conforme a origem do problema. Se a causa for orofaríngea, é recomendado o uso de medicamentos e o acompanhamento com o fonoaudiólogo, a fim de promover a qualidade de vida do paciente e evitar complicações durante a ingestão de alimentos.

Por outro lado, a disfagia esofágica requer o emprego de tubo específico para esticar o órgão e possibilitar a dilatação. O procedimento pode ser realizado por meio da endoscopia com um balão especial incorporado ao instrumento.

Em determinados casos, o médico poderá indicar ainda uma cirurgia para desobstruir o canal onde fica o esôfago, além de receitar medicamentos a fim de combater a acidez no estômago e aliviar os indesejados sintomas.

O que comer em um quadro de disfagia?

Ao receber o diagnóstico de disfagia ou sentir os sintomas do problema, é importante dar a devida atenção à alimentação. A depender da causa, o médico orientará a respeito da melhor dieta. Logo, o conselho é procurar o especialista de imediato.

Abaixo, listamos algumas sugestões de alimentos indicados para quem está com dificuldade para engolir. Veja:

  • opções frias, como sorvete, vitaminas e iogurte. Elas, inclusive, ajudam a aliviar a dor no momento de deglutição;
  • carnes, peixes ou ovos e vegetais. No caso das carnes, porém, é fundamental cortá-las em pedaços bem pequenos ou, até mesmo, triturá-las;
  • sopas. Ao prepará-las, a sugestão é bater a carne no liquidificador (caso você opte pelo ingrediente no menu). Já os legumes podem ser ingeridos com a consistência de purê, a fim de facilitar a digestão.

Após triturar os alimentos sólidos, é importante coá-los. Ao acrescentar água, eles adquirirão uma textura pastosa e serão mais fáceis de deglutir. Mesmo que o apetite caia, a recomendação é manter a alimentação para que o corpo não sofra com a falta de nutrientes.

Quais os cuidados necessários para evitar o problema?

Se você tem dificuldade para engolir, preste atenção nas dicas a seguir para evitar o aparecimento dos sintomas e ter uma melhor qualidade de vida:

  • faça mais refeições durante o dia e em quantidades menores;
  • coma devagar e mastigue bem os alimentos. Procure não se distrair enquanto se alimenta;
  • sente-se em uma posição confortável durante as refeições;
  • para facilitar a mastigação e a deglutição, divida os alimentos em pequenos pedaços;
  • evite fumar e as bebidas alcoólicas;
  • prefira alimentos que sejam facilmente digeridos pelo seu organismo. Há quem evite os de textura pegajosa, como pastas e caramelos.

Agora, sim, você está a par dos prováveis motivos da disfagia. Caso tenha dificuldade para engolir, não deixe de procurar o médico especializado. Só ele poderá realizar o correto diagnóstico e tratar o problema de forma adequada.

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OTORRINOPAULISTA

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