Provavelmente você já ouviu falar sobre refluxo. Neste artigo, abordamos o tratamento para refluxo faringo-laríngeo e a diferença entre ele e o refluxo gastroesofágico. O caminho natural dos alimentos é a via descendente, ou seja, após passar pela boca e descer para o esôfago, o bolo alimentar vai até o estômago e se encaminha para os intestinos.
No entanto, devido a alguns motivos, pode ocorrer refluxo dos alimentos, ou seja, eles realizam a via ascendente, indo do estômago de volta para o esôfago. Nesse caso, o refluxo é chamado de gastroesofágico. Apesar de muitas pessoas não saberem, existe outro tipo de refluxo, chamado de faringo-laríngeo.
Nesse caso, o bolo alimentar rico em suco gástrico reflui para as regiões localizadas superiormente ao esôfago na via aérea e digestiva, como faringe, laringe, nariz, seios da face, garganta e ouvidos. Dessa forma, esse problema é capaz de criar vários sintomas otorrinolaringológicos e muito incômodos.
Vamos explicar detalhadamente o que é o refluxo faringo-laríngeo, por que ele ocorre, quais são os seus sintomas e como é possível diagnosticar esse tipo de problema. Além disso, você verá informações sobre o tratamento e outros pontos importantes em relação ao assunto. Confira!
Quando os alimentos são engolidos, eles percorrem um longo caminho pelo trato digestivo. A digestão se inicia quando o alimento é colocado na boca e, depois disso, ele percorre o seguinte trajeto: faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e reto. No estômago há a produção de suco gástrico, um líquido de pH ácido que é responsável por digerir os alimentos.
A laringe realiza a comunicação entre a faringe e a traqueia. Por ela, só deveria passar o ar que vai para a traqueia e, consequentemente, para o pulmão. O refluxo gastroesofágico ocorre quando os alimentos em processo de digestão pelo suco gástrico retornam para o esôfago. Se esse conteúdo atinge a faringe e a laringe, o nome muda para refluxo faringo-laríngeo.
É interessante salientar que todas as pessoas, independentemente de suas idades, apresentam algum grau de refluxo fisiológico. O problema acontece quando o refluxo é excessivo e causa danos aos órgãos devido à presença constante do ácido gástrico.
As lesões acontecem porque somente a mucosa do estômago é preparada para suportar a presença de um pH tão ácido quanto o da secreção liberada nesse ambiente. Para proteger o esôfago, que se comunica com o estômago, existe uma válvula (o esfíncter esofágico inferior) que impede o retorno do suco gástrico.
No entanto, algumas condições — como um problema de funcionamento na válvula — permitem o retorno do líquido. As mucosas do esôfago, da laringe e da faringe não estão preparadas para receber um líquido de pH tão ácido. Dessa forma, se a agressão for constante, ocorre uma inflamação crônica e lesões, que podem ser um fator predisponente para câncer de esôfago e de outros órgãos.
Quando o refluxo ultrapassa os limites do esôfago, atinge a faringe, ou seja, alcança a garganta. Dessa forma, a região pode ficar irritada, com coloração avermelhada, inchaço, dor e sensação de pigarro ou muco na garganta. Também, podem surgir aftas na cavidade oral — devido ao refluxo para a boca de suco gástrico — e mau hálito.
A faringe conecta o nariz, a laringe e a boca ao esôfago. Dessa forma, funciona como ponto de encontro entre sistema respiratório e digestório. A comunicação entre a faringe e a laringe é protegida por uma válvula, chamada de epiglote, que fecha a comunicação para a laringe quando os alimentos são deglutidos.
Como a faringe se comunica com a laringe, é possível que o suco gástrico também atinja essa região, prejudicando a saúde vocal, uma vez que as cordas vocais estão alojadas na laringe. Os sintomas, nesse caso, incluem voz rouca e tosse seca. As fossas nasais e os seios paranasais, cujo epitélio é bastante sensível, também podem ser comprometidos, o que causa sintomas irritativos e podem gerar quadros de sinusite e rinite inflamatória.
Como falado, os sintomas do refluxo faringo-laríngeo também podem acometer os ouvidos. Isso acontece porque a tuba auditiva realiza a comunicação entre a orelha média e a faringe. A sua função é manter o equilíbrio da pressão do ar, evitando a sensação de “ouvido tampado” que prejudica a audição. Devido a essa comunicação, o suco gástrico pode chegar até os ouvidos, causando inflamação nessa região e alterações auditivas.
A palavra “globus” vem do Latim e significa “bola na garganta”. Essa definição já nos sugere como o sintoma, muito atribuído ao refluxo gastroesofágico e faringo-laríngeo, é uma sensação desconfortável. Apesar de não dolorosa, é uma condição persistente de aperto e engasgo na garganta que não apresenta nenhuma relação com os processos de deglutição.
É um sintoma que, quando aparece, requer investigação da faringe, laringe, pescoço e esôfago, a fim de descartar eventuais hipóteses de distúrbios esofágicos. Infelizmente, nenhum tratamento vai curar especificamente a desconfortável sensação globosa. É necessário descobrir a causa do sintoma e, consequentemente, ao tratá-la, o incômodo desaparece.
Após a suspeita de refluxo, devido aos sintomas do paciente, o médico deve solicitar um exame chamado de nasofaringoscopia. Para tanto, um spray anestésico é borrifado nas narinas e na garganta, e um aparelho em formato de tubo com uma câmera acoplada na ponta é introduzido pelo nariz.
Essa câmera, que conta com iluminação, permite a visualização das estruturas laríngeas e faríngeas. Para completar o exame, o médico pede ao paciente que fale enquanto avalia o funcionamento dos órgãos. O diagnóstico é fechado quando o edema das regiões associadas ao processo inflamatório é visualizado.
Em alguns casos, pode ser necessário realizar uma endoscopia digestiva alta, na qual o tubo é introduzido pela garganta e vai até o estômago, a fim de avaliar todo o trajeto alimentar. Isso é importante para avaliar como está a situação do esôfago e se a válvula que o isola do estômago está em bom funcionamento.
Entretanto, é comum que o problema seja subdiagnosticado. Muitas pessoas apresentam sintomas durante meses e até mesmo anos antes de receber um diagnóstico correto. Até lá, a investigação médica não chega a conclusões eficientes e completas.
Não são exatamente doenças, mas sim alguns fatores e hábitos que podem estar relacionados ao refluxo. Confira quais são!
O peso em excesso pode fazer com que o conteúdo gástrico se dirija ao esôfago. Isso acontece porque há um aumento da pressão intra-abdominal. Nesse sentido, além de forçar o conteúdo gástrico em direção ao esôfago, a obesidade enfraquece a válvula da junção esofagogástrica. Tal região é importante porque conta com um mecanismo que evita o refluxo.
Falando em maus hábitos, o álcool é um excelente exemplo. As complicações do alcoolismo são muitas e o refluxo é uma delas. Essa associação acontece devido ao dano causado pela droga aos órgãos do trato gastrointestinal. Além disso, o álcool também afeta o esôfago ao promover um relaxamento do esfíncter esofagiano superior.
Todas essas condições mencionadas elevam o risco de formação do esôfago de Barret, que é uma reação defensiva do organismo em resposta às agressões do refluxo. Esse quadro, por sua vez, pode apresentar complicações e evoluir para um câncer de esôfago.
O sedentarismo, assim como o uso de álcool, faz parte de um conjunto de hábitos considerados maus. São esses hábitos que, juntamente com o tabagismo e a dieta gordurosa, levam a um quadro de obesidade. Todos esses fatores, quando se tornam um estilo de vida, trazem diversos prejuízos ao organismo e transformam as pessoas em sedentárias.
É devido à relação entre o refluxo e esses hábitos que a readequação deles é parte essencial do tratamento. Ou seja, sem uma mudança de hábitos nenhum tratamento será completamente eficaz.
A doença do refluxo faringo-laríngeo pode ser causada por defeitos na epiglote ou na válvula que separa o esôfago do estômago. No entanto, o problema está intimamente ligado a hábitos de vida e alimentares. Assim, uma das possibilidades de tratamento é a modificação desses hábitos.
Dessa forma, recomenda-se evitar alimentos que provocam refluxo, como café e chá preto, chocolate, refrigerante, gorduras, bebidas alcoólicas e outras comidas ácidas ou apimentadas. Além disso, é fundamental mastigar bem a comida. O tabagismo também está relacionado ao refluxo e deve ser evitado para a melhora dos sintomas.
A obesidade e o excesso de peso podem ser causas do problema, devido à ingestão de grandes quantidades de alimento e ao aumento da pressão abdominal. Sendo assim, o sedentarismo deve ser combatido com o objetivo de perder peso. As refeições devem ser fracionadas, de modo que o organismo consiga fazer a digestão adequada. Isso significa que não se deve comer muito de uma só vez. É indicado esperar pelo menos 2 horas da última refeição para dormir.
Caso seja um hábito cochilar após o almoço, deve-se fazê-lo em posição semi-sentada. Para evitar o refluxo durante a noite, é recomendado elevar os pés da cama que ficam paralelos à cabeça e usar travesseiros anti-refluxo. Para algumas pessoas, apenas essas medidas são suficientes para evitar episódios de refluxo. Em outros casos, é necessário fazer uso de medicação inibidora da secreção de ácido (o mais comum é o omeprazol) pelo estômago ou mesmo uma cirurgia para corrigir problemas de válvulas.
A indicação cirúrgica só acontece quando o paciente apresenta complicações do refluxo, tais como estenose esofágica, esôfago de Barret ou úlcera esofágica. O mais comum, entretanto, é que o tratamento medicamentoso, aliado a mudanças dietéticas e comportamentais, resolva o problema. Há, também, indicação de tratamento cirúrgico para os casos nos quais o paciente fica dependente da medicação para se manter livre dos sintomas.
Entendeu como é o tratamento para refluxo faringo-laríngeo e quais problemas essa doença pode ocasionar? Se os sintomas forem semelhantes aos seus, é recomendado procurar um médico gastroenterologista para diagnosticar e resolver o problema. Afinal, além de causar desconforto, o refluxo pode propiciar o aparecimento de câncer de esôfago e laringe.
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