Otites são infecções que frequentemente afetam crianças, embora pessoas de qualquer idade possam apresentar os sintomas. Dor muito forte, diminuição da audição, falta de apetite, febre e secreção local estão entre os principais. Nesse caso, a timpanotomia pode ser a solução. Já ouviu falar?
Na verdade, na maioria das vezes, antibióticos e analgésicos resolvem o problema decorrente das infecções auditivas. Porém, isso não é uma regra. Justamente nas situações nas quais a conduta terapêutica não é eficaz que a timpanotomia é recomendada.
Neste artigo, vamos falar sobre esse procedimento cirúrgico e explicar o que é, como é feito, quando é indicado, assim como quais são as possíveis complicações e os cuidados necessários. Confira!
Chamado também de miringotomia, é um procedimento cirúrgico cuja finalidade é equilibrar a pressão interna e externa do ouvido, fazendo com que o paciente apresente melhora na audição. A cirurgia consiste na colocação de um tubo de ventilação, o qual previne o acúmulo de líquido por impedir a entrada de ar no ouvido médio.
Exames de hemograma e coagulograma são necessárias antes de realizar a intervenção cirúrgica. Em determinados casos, também são recomendados raio-X de tórax e eletrocardiograma. Pacientes com mais de 40 anos e com alguma doença sistêmica devem ser avaliados previamente por seu médico clínico para poder passar pela cirurgia.
Com a ajuda de um microscópio, o cirurgião faz uma incisão na membrana do tímpano, onde encaixa o tubo. Todo o procedimento é realizado com o paciente sedado e dura cerca de uma hora, variando de acordo com a reação de cada pessoa. O tubo fica na membrana timpânica cerca de seis meses e sai espontaneamente. Ou seja, é “expulso” para o conduto auditivo externo, de onde é removido pelo médico.
Em alguns casos, a colocação do tubo não é necessária. No entanto, isso é constatado apenas no ato operatório, quando o cirurgião tem condições de avaliar as características do líquido dentro do ouvido médio, assim como o aspecto da mucosa e da membrana timpânica.
São pequenos cilindros inseridos no tímpano. Há outros nomes para eles: tubos de timpanotomia ou miringotomia, carretéis ou tubos PE (equalização de pressão). Confeccionados com diferentes materiais, eles geralmente contam com um revestimento que diminui o risco de infecções.
Há, essencialmente, dois tipos de tubos de ventilação, o de curta duração e o de longa duração. Entenda a diferença entre eles!
São menores e ficam na região auditiva de seis meses a um ano. Eles são expulsos da membrana timpânica naturalmente.
São maiores e sua estrutura permite o encaixe perfeito no local. Esse tipo de dreno otológico permanece por um longo período no canal auditivo e pode ser expulso por conta própria. Porém, há casos em que é necessária a retirada por um otorrinolaringologista.
A inserção dos tubos de ventilação através da membrana timpânica é importante pelas seguintes razões:
É comum que a timpanotomia seja indicada para crianças que apresentam periodicamente casos de otite média secretora ou otite média aguda. A primeira consiste em uma inflamação da orelha média em que a membrana timpânica está intacta. Já a segunda é uma infecção no ouvido médio cujo início dos sinais e sintomas é rápido.
Casos de otite média de efusão também recebem indicação para o procedimento, pois a presença de secreção na orelha média pode causar perda auditiva ou otalgia. Para além disso, pacientes com retração da membrana timpânica igualmente podem ser beneficiados.
De modo geral, a intervenção cirúrgica se mostra como uma opção para as situações acima quando os tratamentos habituais não forem suficientes ou, ainda, quando existir um comprometimento auditivo por tempo superior a três meses.
A timpanotomia é um procedimento bastante seguro, porém, em determinados casos, pode haver complicações. As mais comuns são as seguintes!
Elas são raras, mas às vezes surgem no canal auditivo médio e na região do tubo de ventilação. Medicações em gotas ou antibióticos orais, em geral, resolvem o problema. A otorreia, ou seja, fluxo de secreção que sai do ouvido, também requer tratamento com analgésicos, anti-inflamatórios ou antibióticos.
Irritações ou intervenções sucessivas na membrana do tímpano podem gerar cicatrizes na região, o que no linguajar médico é chamado de timpanosclerose ou miringoesclerose. Em geral, essa condição não provoca nenhum problema de audição.
Há situações em que o dreno otológico é naturalmente expulso ou chega a hora de retirar o tubo de longo prazo, mas a membrana timpânica não se fechou por completo. Para corrigir o problema, é recomendada a cirurgia de timpanoplastia ou miringoplastia.
Quando o tubo de ventilação é expulso do tímpano antes da hora — o que é improvável, mas pode acontecer —, há o perigo de o líquido retornar ao ouvido. Nesse caso, é preciso refazer o procedimento.
O pós-operatório é considerado praticamente indolor, não exigindo o uso de analgésicos. O principal cuidado é em relação à entrada de água nos ouvidos durante o período em que o tubo de ventilação permanece no local. O objetivo é evitar infecções, pois a entrada de água dentro dos tímpanos pode infeccionar o local operado.
Dessa forma, a recomendação é de que atividades aquáticas sejam evitadas e que tampões siliconados sejam utilizados em situações específicas como o banho. Caso ocorra drenagem de secreção do ouvido, é fundamental comunicar o médico responsável, o que também deve ser feito diante do surgimento de dores.
Como você pôde perceber, a timpanotomia é um procedimento seguro que tem muito a contribuir para a qualidade de vida de quem sofre com recorrentes quadros de otite. Sendo assim, se as infecções de ouvido fazem parte da sua rotina, não deixe de conversar com um especialista sobre o procedimento — talvez a intervenção cirúrgica seja indicada para o seu caso.
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